top of page
Buscar

[Festivais e Mostras] A Natureza das Coisas Invisíveis

  • Foto do escritor: Lorenna montenegro
    Lorenna montenegro
  • 15 de out.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 27 de out.

Direção: Rafaela Camelo

Roteiro: Rafaela Camelo



ree

Duas meninas que criam um vínculo inquebrantável e juntas, aprendem a superar os lutos da infância. Laura Brandão, que vive Glória e Serena, que vive Sofia, são o elo principal - sustentadas pelas primorosas Aline Marta Maia e Camila Márdila - nesse filme repleto de singelezas da cineasta brasiliense Rafaela Camelo, selecionado para a Berlinale e premiado no Festival de Brasília.


A Natureza das Coisas Invisíveis parte de um roteiro também premiado no Festival Cabíria como melhor roteiro de longa-metragem em 2019. Tecida com muito esmero e destreza, a narrativa do filme embebe numa trama etérea e lúdica a jornada das meninas que se conhecem num hospital, quando Serena está com a bisavó, Francisca, hospitalizada. Glória frequenta o hospital pois, além de ser o local de trabalho da sua mãe, ela é paciente transplantada; seu coração se agita com alguma frequência e não permite que experiencie a infância como gostaria.


Mas a trajetória, a jornada existencial nesse coming of age lúdico que Rafaela Camelo empreende é algo de transformador para Glória e Serena, que criam um elo inquebrantável e também para as suas mães, que se tornam amigas, formando uma rede apoio entre elas e com as mulheres que fazem parte de um matriarcado interiorano: as benzedeiras e rezadeiras, vivas e mortas.


Transcendente na forma sensorial e sensível com que aborda temas como o luto, a transição de gênero e a doença na infância, A Natureza das Coisas Invisíveis é uma preciosidade do cinema brasileiro contemporâneo, que ainda torna em personagem a paisagem de Sobrado dos Melos (DF), localidade na qual boa parte das cenas foram filmadas. Dois dentre vários componentes, como a arte e a trilha sonora, que aludem a uma experiência estética e emocional ainda mais pungente são a fotografia de Francisca Saez Agurto, a montagem de Marina Kosa e o desenho de som de Lucas Coelho, do Atelier Rural.


Aline Marta Maia é uma presença alegre, forte, concreta e ao mesmo tempo, fluida, no filme. Ela une ainda mais Glória e Serena, lhes contando histórias e fazendo agrados. As duas, ainda no hospital, refletem sobre as coisas achadas, deixadas para trás pelos “que se foram” e como que dali em diante (ou mesmo antes), Glória está acompanhada pela Porquinha que é seu espírito protetor e que simboliza o xenotransplante cardíaco, que é uma inovação médica onde é possível transplantar coração inter espécies.


O desejo de Serena de deixar morrer aquilo que não se é ou nunca foi está belamente representado na cerimônia fúnebre de Bento, um ritual feito por toda a comunidade de mulheres. A Natureza das Coisas Invisíveis é uma obra que transmuta sentimentos e sensações em sinestesia cinematográfica, onde o medo não faz morada, sendo aplacado pelo afeto e os laços que se formam e como a comunidade abraça as personagens; incluindo os espíritos e almas, que não geram apreensão mas confortam, da forma mais natural possível.


“Vou seguir pela vida, me esquecendo de você, eu não quero mais a morte, tenho muito o que viver”. Com Travessia, o filme encerra a jornada noite e dia adentro na casa da bisa, de onde as duas meninas e suas mães vão seguindo pela vida, amando de novo e sonhando sonhos feitos de brisa. A Natureza das Coisas Invisíveis ainda presenteia o público com um epílogo meigo e musical, onde personagens interpretam outra pérola do cancioneiro popular, “Eu Queria Dizer Que Te Amo Numa Canção”.





 
 
 

Comentários

Não foi possível carregar comentários
Parece que houve um problema técnico. Tente reconectar ou atualizar a página.
Post: Blog2_Post

11994972222

Formulário de inscrição

Obrigado(a)

©2023 por Kinemacriticas. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page