[Festivais e Mostras] Americana
- Lorenna montenegro
- 31 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de set.
Direção: Agarb Braga
Roteiro: Agarb Braga

Era uma vez uma menina super Patrícia, que vivia cercada por suas fiéis escudeiras piriguetes e namorava um pequeno meio Moleque Doido. Vivia uma vida pacata na Marambaia, o seu bairro, na periferia de Belém do Pará, até que uma confusão desencadeada pela traição conjugal a fez parar na delegacia junto com as suas amigas. Americana, escrito e dirigido pela realizadora paraense Agarb Braga - que também assina a montagem - é uma carta de amor a cultura e ao comportamento jovem, uma forma também de homenagear marcos do novíssimo cinema do Pará como A Encantada do Brega, filme de Leo Plato que se tornou um espetáculo teatral de sucesso, com Leona Vingativa no elenco.
“Ela é babado, ela”
A cantora, atriz e personalidade da cultura amazônica e periférica é a protagonista de Americana. Após estrelar as próprias produções que viralizaram na internet no começo dos anos 2000 e o curta Attrack em Paris (2017) de André Antônio, ela se tornou um ícone da astúcia e capacidade de invenção queer; a cineasta Jorane Castro prepara um longa metragem sobre ela. Porém, encarnando a personagem-título, Leona é uma mulher meiga e convicta de que o companheiro não é um boy lixo, mesmo sendo alertada pelas amigues vividas por Laiana do Socorro, Ária Nunes, Victor Henrique Oliver e a própria diretora, Agarb Braga.
História de premissa simples mas que transita da comédia mais escrachada até a comédia de costumes com impacto social, brincando com algumas características de filmes policiais - já que boa parte da trama se passa na delegacia e trata da reconstituição da briga na quadra esportiva do bairro - Americana se vale da força das representações que rompem com binarismos e do afeto para suplantar seus problemas estilísticos e de atuação (a atriz que faz a delegada não convence no papel).
A estética do tecnobrega e das produções da Platô Filmes como a webserie Sampleados é marcante, mas não soa repetitiva já que o jogo de versões sobre o “crime” ou seja, a traição que levou a confusão entre as amigas é bem encenada. Leona vai da meiguice ao encaralhamento em três tempos e os tipos, bem estereotipicos, que cada uma das amigues representa remete aos tropos presentes em alguns filmes de colegial americano - tem a mística avoada, a politizada, a sedutora e a sagaz que desvenda o mistério.
A estreia de Americana em junho no festival Olhar de Cinema foi fortuita, tendo o filme sido reconhecido com o prêmio aquisição do Cardume Curtas e o Prêmio Especial do Júri para o elenco diverso e afinado. E no Kinoforum, o filme paraense foi premiado com a aquisição da plataforma Todesplay e o troféu Borboleta de Ouro para Leona Vingativa.
Realizado com recursos do Edital de Audiovisual Fomento Inciso I - Lei Paulo Gustavo (FUMBEL), Americana foi concretizado em 2023 após anos de busca por financiamento, com a união de forças das produtoras paraenses Grito Filmes e Inovador Talvez. Uma imersão na comédia popular por realizadores com grande potencial artístico, como Agarb Braga que além de dirigir, roteirizar, montar o filme e atuar como Ariel, uma das quatro escudeiras de Bryanna/Americana, também compôs a música que encerra o filme, com uma cena que transcorre enquanto os créditos sobem que celebra a comunhão entre elenco e equipe.



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