[Festivais e Mostras] Dying - A Última Sinfonia
- Lorenna montenegro
- 29 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de out.
Direção: Matthias Glasner

Um filme adulto, sobre adultos tentando superar seus traumas e inclusive, lidar com a morte em suas variadas formas. Dying (ou Sterben, no alemão) é o nome da sinfonia composta por um amigo deprimido, que está sendo ensaiada para ser executada por um maestro que, ao menos tempo em que lida com a paternidade, encara a proximidade da morte do pai, com uma doença degenerativa, e da mãe, com câncer - além da morte em vida da irmã caçula, viciada em alcool e drogas.
De estrutura intrincada, sinuosa, ainda que siga uma certa linearidade, o filme de Mathias Glasner é construído em volta das ações e reações de Tom Lunies (Lars Eidinger, que é além de ator, compositor), o maestro. Ele precisa lidar com todas as pressões que envolvem a profissão e ainda com o fato de que a irmã está de volta para atormentá-lo, mesmo na eminência da morte do pai de ambos. A mãe, Lissy (Corinna Harfouch, esplêndida) dele ainda o desestabiliza mais quando, numa conversa à mesa de café, fala que nunca amou os filhos e que percebe que sua obrigação com aquela família acabou - e nesse mesmo diálogo, informa que também está morrendo pois recebeu o diagnóstico de um câncer avançado.
Dying - A Última Sinfonia avança pelos percalços na vida de seu protagonista num tom tragicômico, melancólico e as vezes até soturno, como talvez Glasner imagine que seja o humor germânico. Incomoda mas também faz rir, pela sucessão de coisas tão patéticas quanto banais que ocorrem com Tom, seus familiares, sua ex-esposa grávida (que não sabe se quer ficar com ele e logo revela que o filho é de outra pessoa) e seu amigo compositor Bernard (Robert Gwisdek), completamente convicto que tem que tirar a própria vida para entrar para a história junto com a sua sinfonia póstuma.
A forma com que as elipses do filme são entremeadas pelas reações dramáticas e ao uso diegético da música sinfônica perfaz outro dos triunfos de Dying. Se morrer é inescapável, a proximidade da morte deveria tornar o ambiente estranho e o filme escala dramaticamente de um modo que sempre está deslocando os sentimentos e ações dos personagens, que são trágicos mas também são patéticos nas suas tentativas de alcançarem alegrias momentâneas.
Glasner e em especial Eidinger entregam um filme muito complexo, muito humano, com várias camadas de aceitação e de identificação por parte do público. Os personagens de Dying são imperfeitos, imaturos e até um tanto insuportáveis mas suas dores e glórias são imensamente bem incorporadas na narrativa sedimentada e dramaturgicamente robusta do filme com três horas de duração. Ganhador do prêmio de melhor roteiro no Festival de Berlim de 2024.



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