Direção: Brady Corbet
Roteiro: Brady Corbet e Mona Fastvold
László Toth é um arquiteto húngaro, formado pela Bahaus, sobrevivente do Holocausto (do campo de concentração Bergen-Belsen), que chega em 1947 à terra prometida - não, não é Jerusalém pois o Estado Ilegal de Israel só seria criado um ano depois. Na América, nos Estados Unidos, ele vive "o sonho" entre bordeis e pulgueiros próximos ao cais do porto onde havia desembarcado, em NY, até se mudar para trabalhar com um primo que tem uma loja de móveis na Pensilvânia, o lugar "do progresso, da evolução tecnológica proveniente da mineração de ferro". A Saga desse personagem fictício, uma espécie de épico às avessas, inspirado em "Era Uma Vez na América" segundo as palavras do próprio diretor, Brady Corbet, é oblíqua, tortuosa ainda que ao fim, seja redentora. E é sobre arte, sobre a brutalidade do capitalismo, sobre anti-sionismo/sionismo e sobre a própria representação judaica no cinema.
"Para mim, a arquitetura em O Brutalista é representativa de algo que as pessoas não compreendem, que elas querem extirpar, arrancar, fazer tombar. Eu acho isso fascinante, esse movimento que veio da Bauhaus (de nomes como Marcel Breuer, Paul Rudolph ou Louis Kahn), uma escola que lutava contra o que o mundo todo havia passado, os traumas deixados pelos conflitos e guerras da primeira metade do século 20. Então, esse filme é sobre como o aspecto psicológico do pós guerra moldou a arquitetura no pós guerra", disse Brady Corbet, em entrevista para a Variety durante o Festival de Veneza, onde o filme arrebanhou o Leão de Prata de Melhor Direção.
Talvez esteja intuído que um filme sobre judeus sobreviventes da Shoah que migram para os Estados Unidos tenha uma conotação ufanista e sionista, de exaltação dos valores da cultura e da perspicácia, do gênio criativo, artístico ou para negócios dos personagens retratados e como estes deram conta de ressignificar suas histórias e superar adversidades, vivendo o "sonho americano". Porém, e aí talvez resida a fagulha residual e diferencial de O Brutalista - roteiro de Corbet e de sua companheira, Mona Fastvold - que tem como protagonista um anti heroi que já chega alquebrado (não só de espírito mas também de corpo), no novo mundo, que se vicia num certo derivado do ópio e que deixa seus rompantes de arrogância e indolência ditarem seus atos, que se submete a vontade de homens endinheirados para poder expressar a sua visão, deixar um legado - a que custo?
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