[Mostras e Festivais] As documentaristas brasileiras na Cinemateca
- Lorenna montenegro
- 30 de mai.
- 2 min de leitura
Nesta sexta, 30, começa um passeio cinematográfico por sete décadas de história, protagonizadas por cineastas brasileiras que realizaram produções documentais da década de 60 até a atualidade. Com curadoria da Cinemateca Brasileira, a mostra reúne 14 documentaristas e além das exibições de 36 obras, um curso em duas aulas ministrado pelas professoras e pesquisadoras Karla Holanda e Mariana Ribeiro Tavares.

Documentaristas brasileiras: sete décadas de história é um panorama potente do que de mais representativo, urgente, artístico, político e importante as cineasta produziram no campo do documentário no Brasil. Das pioneiras Helena Solberg e Norma Bahia Pontes, esta segunda em constante colaboração com Rita Moreira, passando pelas riquíssimas obras de Eunice Gutman, Kátia Mesel e Vânia Perazzo, pelo diálogo entre Brasil e África proposta por Tila Chitunda, a ditadura militar e a construção de um país que configuram o discurso de Lúcia Murat, os cinemas indígenas representados no fazer de Patrícia Ferreira Pará Yxapy, a Amazônia na epiderme de Jorane Castro, as periferias de São Paulo capturadas por Juliana Vicente, o estilo inconfundível de Maria Augusta Ramos e a autoficção impregnando a criação artística de Eliza Capai e Susanna Lira.

De acordo com a Nayla Guerra, curadora e produtora cultural na cinemateca brasileira, a seleção evidencia a riqueza estética e a potência poética das contribuições das mulheres ao cinema documental, destacando a diversidade de vozes e abordagens que marcaram – e seguem marcando – esse campo do audiovisual. Fato é que durante muito tempo na cinematografia brasileira, as mulheres enfrentaram dificuldades para realizar projetos ficcionais e foi no documentário em que encontraram a possibilidade concreta de realização, com espaço para a imaginação política e a experimentação artística sem a imposição mercadológica, já que o formato nunca foi considerado lucrativo para muitos produtores de cinema.

A programação segue até o dia 8 de junho, trazendo obras seminais como A Entrevista (1966, Helena Solberg) ao lado de Terruá Pará, de Jorane Castro e Incompatível Com a Vida, de Eliza Capai, ambos lançados em 2023. Obras como Recife de Dentro Pra Fora, realizado em 1997 por Kátia Mesel e que é referenciado em Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, será exibido em cópia restaurada. E o raro, dado como perdido, Bahia Camará, de 1969, será exibido em uma inédita cópia digital, um retrato das tradições africanas soteropolitanas com foco especial na capoeira e no estado das coisas as vésperas do AI-5, com a assinatura de Norma Bahia Pontes.

Ou mesmo a oportunidade de ver o filme mais recente de Solberg, Um Filme Para Beatrice, de 2024, exibido no festival É Tudo Verdade, no qual a cineasta de 86 anos revisita sua trajetória cinematográfica à luz das lutas feministas no Brasil.
A programação da mostra Documentaristas brasileiras: sete décadas de história é gratuita. Os ingressos serão distribuídos uma hora antes de cada sessão e o curso sobre as Documentaristas Brasileiras tem inscrições prévias no site de cinemateca e será realizados nos dias 04 e 06 de julho, também com transmissão online no canal de YouTube de entidade.
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