[Salas de Cinema] Acompanhante Perfeita
- 31 de jan.
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de fev.
Direção: Drew Hancock

O conto da mulher "feita para casar", obediente, discreta e Do Lar. Tanto o cinema quanto o teatro e a literatura já representaram contos de opressão feminina, da antiguidade até os tempos contemporâneos mas a ficção especulativa deu uma guinada interessante, em especial com autores como Ursula Le Guin, Phillip K Dick e Octávia Butler que, quer fossem alienígenas, andróides ou fantasmas, retrataram personagens sendo despidas das suas memórias, desejos, lembranças, aspirações, subjetividades e identidades.
Acompanhante Perfeita honra essa tradição, se tratando de uma obra feita para o público de massa mas que pode provocar também alguma reflexão partindo do entretenimento cultural que (também o é) o cinema. A premissa é simples: boy meets girl e o desafio desse recém formado casal, Josh (o nepobaby Jack Quaid) e Iris (Sophie Tatcher) é passar um final de semana com os amigos Dele em uma casa idílica e luxuosa, afastada da cidade.
O que se segue é uma trama que obedece as convenções do gênero de suspense, ficção científica e nuances de thriller psicológico. Iris é envolvida pelo namorado e Kat (Megan Suri), numa trama de assassinato - o alvo sendo o peguete da amiga de Jack, o magnata Sergey (Rupert Friend), que acaba sendo atropelada, contando ainda com a intromissão do casal Eli (Harvey Guillén) e Patrick (Lukas Gage).
Claro que a motivação é o dinheiro, em meio a essa situação conflituosa, a descoberta de que Iris é um produto: uma androide ou pessoa sintética com IA avançada. Acompanhante Perfeita assim introduz o conceito de robôs de suporte emocional - já largamente explorado na ficção especulativa e no cinema - como acompanhantes de luxo, companheiros perfeitos, os “fodabots”. Ecoando a questão da consciência dos robôs (andróides) nos filmes Blade Runner, que são usados por séculos pelos humanos e se cansam disso, rejeitando a submissão em busca de liberdade e autonomia.
E a ambição desmedida do covarde e fraco Jack vai livrando Iris de uma programação ou Síndrome de Estocolmo numa análise mais sociológica ou ainda, uma tentativa de trazer para o audiovisual uma discussão sobre os limites da IA que envolve opiniões opostas e uma disputa acirrada no mundo real. O suporte teórico? a Teoria das Espécies de Donna Haraway.



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