Diretor: Gints Zibalodis

Essa é a história de um gato preto de olhos amarelados e enormes, que tenta viver em paz, sozinho em uma paisagem idílica que acaba sendo rigorosamente afetada pelas mudanças climáticas. E o felino logo vai precisar não estar mais só se quiser sobreviver, nesse conto moral que referencia a Arca de Noé e transcende a própria linguagem do cinema de animação - transformando todos aqueles que o assistem.
Representante da Letônia no Oscar 2025, nas categorias de Melhor Filme Internacional e Melhor Animação, Flow se tornou uma febre em seu país, tanto por colocá-lo no mapa do cinema mundial como por simbolizar um mundo em transformação, colapsando por conta das mudanças climáticas mas que traz uma mensagem de esperança. Os animais, naturais de distintas partes do mundo, fazem parte da jornada do gatinho como seus companheiros de viagem: uma capivara, um cachorro labrador e sua trupe de outros cães, um lêmure e um pássaro gigante e exótico.
Feito numa técnica de animação 3D que remete a uma certa estética de videogame, de títulos imersivos de fantasia da Nintendo, tal qual The Legend of Zelda: Breath of The Wild, a animação letã permite mergulhar na experiência pós apocalíptica daquele grupo de animais num mundo inundado. Sem que eles falem uma só palavra, como é de praxe em animações de estúdios norte-americanos, Flow aposta numa trilha cativante (de Rihards Zalupe) e nos gestos e atitudes dos animais; como na cena em que o gigante pássaro defende o gato e é isolado pela sua família de pássaros, sendo deixado para atrás.
Transcendendo com sua aposta numa sensorialidade delicada, apoiado por uma trilha sonora climática, o filme provoca o arrebatamento e a reflexão. Ao seguir o fluxo da vida e compreender que é melhor estar em comunidade, o protagonista descobre o que é pertencer. Flow é uma experiência única, bela, imersiva e profunda como os mares e rios por onde o felino mergulha.
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