[Salas de Cinema] Queer
- Lorenna montenegro
- 4 de jan.
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de fev.
Direção: Luca Guadagnino
Roteiro: Justin Kuritzkes

Aqui, o tesão contumaz nas obras audiovisuais do voyeur e autor cinematográfico Luca Guadagnino está a serviço das palavras frívolas e virulentas de Burroughs, misturadas com uma melancolia perene que enche cada quadro deste filme com ternura por seus personagens marginalizados e carentes, indo do México até a Floresta Amazônica movidos pelo vício em alucinógenos e na dependência amorosa.
Daniel Craig é um ator muito cheio de recursos e vai se distanciando do espectro de Bond, James Bond aqui numa atuação hipnótica, como o recluso e delicado personagem central William "Bill" Lee, na adaptação para o cinema do “semi auto biográfico” romance de William S. Burroughs, Queer. Queer que na tradição do autor estadunidense é um dos romances centrados na figura do beatnik junkie e egocêntrico Lee, assim como Junkie e Refeição Nua (este último, adaptado para o cinema por Cronenberg em Mistérios e Paixões).
O México transposto para o filme de Guadagnino é criado na Cinecitá, o lendário estúdio de cinema localizado em Roma. E ele permeia a imaginação dos leitores e espectadores de Queer, bem como a lisérgica floresta para onde Lee e Eugene Allerton vão, em busca de um gole de ayahuasca. Justin Kuritzkes, o senhor Celine Song e atual roteirista preferencial de Guadagnino, faz o tipo de adaptação que talvez seja a mais árdua de se fazer ainda mantendo a autoralidade do autor da obra original e do autor do roteiro. Queer é uma adaptação baseada no romance e um estudo de personagem enquanto filme, centrando o olhar em cima dos desejos, das necessidades e das frustrações do viciado e viciante Lee de Daniel Craig, indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator - Drama.
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