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[Streaming e VOD] A Substância

Foto do escritor: Lorenna montenegroLorenna montenegro

Atualizado: 12 de jan.

Direção: Coralie Fargeat


Demi Moore é uma deusa do cinema moderno. Desde que surgiu como membro do ‘brat pack’ (o bando das jovens e mimadas estrelas de Hollywood nos anos 80) até os grandes sucessos de bilheteria que estrelou entre os anos 90 e 2000, ela se consolidou como uma atriz icônica na indústria do cinema. E sua figura, sua beleza, o teste do tempo, sempre foram pauta - as vezes, com mais destaque por parte da mídia do que a sua capacidade dramática ou versatilidade na escolha de papéis. Enfim, ela tem um veículo objeto-filme para escrutinar o que sua imagem representa na indústria do cinema. Destruindo-a.


Ainda que superficial na crítica ao patriarcado e o culto à imagem que se pretende fazer, Coralie Fargeat realiza um filme cheio de humor, de gore e de vivacidade, que se tornou objeto de culto. Sim, A Substância talvez seja o filme mais comentado do ano, visto ou pelo menos conhecido em parte através dos cortes no tiktok. A cineasta francesa retoma o tema que já havia explorado anteriormente em sua filmografia, com o curta “Reality Plus”, dez anos atrás - a imagem como constructo da persona esvaziada, onde não há necessidade de uma personalidade, apenas de uma bonita embalagem.


A estrela hollywoodiana vive alguém que talvez conheça intimamente, a antiga celebridade Elizabeth Sparkle, que nos últimos anos de carreira monetizou em cima de sua bela figura ao estrelar um programa de exercícios na TV. Começando a notar os sinais do tempo na forma com que seus colegas de emissora passam a tratá-la, recebe a má notícia de seu desligamento de Harvey (Dennis Quaid, asqueroso) e isso a faz ficar ainda mais reclusa e desesperada. Até que milagrosamente, recebe uma correspondência que parece ser a milagrosa solução para o seu problema.


Intercalando a narrativa entre uma comédia dark, um drama psicológico e uma sátira, Coralie Fargeat nuança o roteiro de A Substância com os aspectos que perfazem o subgênero ou estilo conhecido como body horror: a fisicalidade perfeita de sua atriz principal, do alto de seus 60 e poucos anos, de Margaret Qualley (que vive a rejuvenescida Elizabeth, chamada de Sue) em contraponto perfeito com o grotesco do horror biológico.


Ao final, a repugnância e a deformidade são reflexo do que a misoginia e o machismo provocam nas mulheres: uma disforia monstruosa. A Substância é uma experiência satisfatória, uma montanha russa de sensações, indo da tristeza, piedade, a uma certa suntuosidade até descambar para o medo, a excitação e a abjeção. Marcante, pode dar a Fargeat e a Moore, após o burburinho em Cannes, de onde o filme saiu com o prêmio de roteiro, mais motivos para celebrar esse conto sobre a obscura indústria do entretenimento sustentada pelas aparências.

 
 
 

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